Cada
cicatriz que tenho, conta uma história, de algumas lembro como se
fosse hoje, as sensações a dor que causou, o processo de cura… de
outras não me lembro bem, de algumas tenho orgulho de outras
vergonha, algumas sequer sei como aconteceu, mas está aqui, e sei
que é por algum motivo e propósito específico.
Outro
dia olhando meu filho mais velho, reparei em sua cicatriz no queixo,
me lembro do ocorrido, que deixou nele aquela cicatriz, e lembrei que
a dor do outro também importa, que ver a cicatriz do outro pode ser
bom para meu aprendizado na caminhada.
Foi
então que me dei conta da importância das cicatrizes, e que,
deveria valorizá-las, como experiências vividas, lições
aprendidas. Mesmo as que se quer lembro do episódio que a fez, ou
ainda que ao lembrar, pareça sangrar ainda de tão vívida a
lembrança, cada uma delas tem sua importância na formação da
minha própria história, passei então a respeitá-las…
Há
ainda aquelas cicatrizes que são invisíveis aos olhos, estão
escondidas na alma, e muitas vezes sangram como se feridas fossem
ainda. Trate-as com o mesmo respeito, dê a elas maior importância
pois fazem parte da sua história emocional, não se trata de
esquecer, mas de aprender, amadurecer, e tirar lições com cada uma
delas. Maldizer não ajuda, lamentar muito menos, a resiliência
consiste em encará-las como parte de si, parte da sua própria
existência.
Enfim,
Cicatrizes são lindas, e cada uma tem sua beleza histórica, a dor,
faz parte do processo de cura, a Cura, faz parte da formação da
cicatriz, e quem ou aquilo que as causou, é externo a nós, e não
merece estar na memória, exceto se for para acrescentar algo à
própria história e lição.
Valorize
as suas cicatrizes, e respeite as do teu próximo, e se puder,
descubra a história por trás da cicatriz, vais perceber que não é
uma mera cicatriz, às vezes ela representa um milagre, um recomeço,
uma nova vida…
Há
uma beleza incomum, nas coisas que comumente desprezamos.