10 de novembro de 2011

"Preciso Tanto Me Fazer Feliz"

A busca pela Felicidade move os corações.
Em muitos casos agimos e pensamos egoisticamente quando se trata de um bem tão precioso.
Afinal o que é Felicidade? Há quem diga que não existe caminho para a Felicidade, mas a Felicidade é o Caminho. Se assim for. Onde esse caminho nos levará?
"Preciso tanto me fazer feliz" é o que diz a Música "Como Vai Você" de Antônio Marcos e Mário Marcos. Esse sentimento quase que egoísta nos acomete quando nos vemos infelizes.
Porque somos infelizes, muitas vezes?  Seria por falta de Dinheiro? Amor? Casa? Saude? Carinho?
Seria por excesso de egoismo? Vaidade? Petulância?...
O que me faria feliz Hoje? Uma mulher? Um Homem? Um bom emprego? Muito Dinheiro? Uma Vitória do meu Time de futebol?
Penso EU que "Felicidade não é um estado de espírito, é questão de Ser ou Não Ser"
Podemos passar por Ns problemas e mesmo assim continuarmos feliz...
Acontece que associamos Felicidade a Alegria. E não é a mesma coisa...
A Alegria é momentânea.... A Felicidade é perene...
Podemos estar tristes mas sermos Felizes...
É possível uma pessoa ESTAR sempre alegre mas SER Infeliz
A Felicidade independe das circunstancias, dos altos e baixos da vida, da Grana ou do Emprego...
A Felicidade Está no teu coração. Não na Roupa, no estilo, na grife...
Está na Alma, não no corpo perfeito, na saúde impecável...
Felicidade Está no Espírito, mesmo às vezes abatido, mas pronto para dar um novo passo...
Enfim, Ser feliz nos deixa mais belos(as) "O coração alegre aformoseia o rosto" é o que diz Salomão em Prov. 15:13...
Seja Feliz!

6 de novembro de 2011

O Que Eu Quero...

O que eu quero é uma vida simples, sem as complicações dos adultos
Quero um olhar simples, sem os segredos obscuros da vida
Quero um sorriso simples, sem a malícia do engano
O que eu quero é viver, sem me culpar pelo passado
Quero caminhar, sem me preocupar com a próxima curva da estrada
O que eu quero é descobrir o que vem depois, e ficar surpreso
Quero me encantar com o desconhecido
O que eu quero é uma casa simples, mas toda decorada de aconchego
Quero uma família simples, mas repleta de compreensão
O que eu quero é um carro simples. Que me leve sempre para perto das pessoas
Quero um conhecimento simples, sem as complicações da ciência
O Que eu quero é um amor simples, que goste de como eu sou
Quero alguém simples, que suporte meus defeitos e que não esconda os seus
O que eu quero é um relacionamento simples,
Quero viver sem as complicações do ciúme e do sentimento de posse
O que eu quero é poder tomar um banho de chuva
Quero caminhar na areia molhada com os pés descalço
O que eu quero é viver a vida como ela é
Quero cantar, sorrir, chorar, gritar, sentir, amar, ter raiva, dar e receber carinho.
O que eu quero é uma vida simples

Quero apenas viver, nada mais que isso...





28 de outubro de 2011

Quando as Palavras se Vão...

Posso dizer mil palavras bonitas,
Apenas uma estraga tudo o que eu não disse. 
Posso me derramar em declarações ofegantes,
E em apenas um gesto borrar todo o esforço.
A arte de dizer não é a mesma arte de falar, e, como já dizia Salomão, o sábio
"No muito falar, não falta transgressão"...
Então como saber a hora de não falar? Ou como saber que as palavras não irão resolver?
Uma canção cantada na igreja há muitos anos diz: "Há momentos que as palavras não resolvem..." Qual seria esse momento?
Acredito eu, que não existe uma regra geral para isto. 
Cada um de nós deve ter a sensibilidade de saber quando o falar não resolve mais.
E, essa decisão precisa ser percebida e respeitada pelo outro.
Nesses momentos,
Quando as palavras se vão, os gestos dizem, eles expressam o que mil palavras não conseguiram dizer.
Quando as palavras se vão, uma expressão no rosto, implora perdão. um sorriso demonstra compreensão e aceitação, e apenas um gesto de carinho revela o mais puro Amor.
Quando elas se vão, não restam mais dolo, engano, mentiras e falsidade.
A vida mostra aquilo que se tentou dizer durante anos de falatório.
Quando as palavras se vão resta a certeza daquilo que não pode ser dito, daquilo que não adiantou dizer.
Quando as palavras se vão restam 
O Olhar, O Sorriso, O gesto, A Essência...

20 de outubro de 2011

O Beijo


Tudo parecia muito bom, estava muito perfeito, o ambiente, o clima, os olhares as conversas, as confidências.
Em uma noite escura e sombria, os dois caminhavam juntos. Não se tocavam, braços estendidos, casacos de frio, gorro na cabeça. A rua deserta era convidativa para longas caminhadas sem destino.
As conversas variavam de coisas corriqueiras do dia-a-dia a coisas obscuras como vampirismo e até sexo. Os passos na rua gelada podiam ser ouvidos de longe. Vez em quando se olham rapidamente. Os olhares fulminantes não conseguem se fixarem. Talvez pela timidez talvez pela extrema incerteza que permeava os corações. Sabiam que estavam juntos por algum motivo, mas o medo de errar, de cometerem loucuras os deixavam receosos de qualquer ação mais direta e íntima.
Caminharam até a casa dela. Uma grande casa com janelas de vidro. Apenas uma luz acesa numa pequena janela no alto. Ficaram algum tempo parados em frente, tempo demais para o momento, e pouco tempo para o que desejavam. Falaram sobre o tempo gelado, tentaram prever como estaria o dia seguinte. Mais um tempo em silêncio.
Despedem-se com um rápido beijo no rosto. Ela entra e ele caminha só pela rua escura e gelada. Some no nevoeiro. Após entrar ela se despe. Veste o roupão de dormir e se deita. Não consegue dormir. Fica com os olhos vidrados no teto escuro. O vento la fora uiva nas janelas e nos fios da rede elétrica. Ela pega o telefone. Vê as horas. São 00:40. Será que ele vai ligar? Pergunta-se em mente.
Ele caminha pelas ruas. Está pensando se vai para casa ou se caminha um pouco mais pelas ruas desertas. Aqui e acolá um mendigo enrolado em panos e papelões ocupam a calçada, forçando-o a ir para o meio da rua. Vez em quando um carro com faróis altos passa a disparada, não respeitam sinais nesses horários.
Pequenas corujas cantam nas árvores urbanas. Aqui e ali um gato atravessa a rua, um cão late avançando nos portões. Ele com as mãos atoladas nos bolsos do casaco caminha despreocupadamente. O chapéu na cabeça proteje do vento o couro cabeludo.
Alguém do outro lado da rua passa encarando. Parece assutado. Logo o reconhece por causa do chapéu, cumprimenta e segue. Por volta das 01:00 chega em casa. Quando se aproxima do portão um carro encosta rapidamente. Encoste no muro! Gritam. São policiais. Pensaram que era um usuário que estaria invadindo a casa. Ele explica que mora na casa. Mostra as chaves e chega a abrir a porta para que o deixem em paz.
Entra e fecha a porta. Está exausto, caminhara bastante, mais do que o de costume. Não tem sono, não quer se deitar, mas não restam opções, pois na TV nada presta, não tem internet para navegar, não ta com cabeça pra ler. Deita-se e espera o sono vir.
Pega o telefone, uma ligação perdida. Retorna, ela atende. A voz rouca indica a sonolência. Ainda acordada? Sim. Você demorou ligar. Acabei de chegar.
A conversa se estende pela madrugada. O assunto parece nunca acabar. Minutos de silêncio indicam que ela já adormeceu ao telefone. Chama, ela não responde, então desliga. Haviam conversado por três horas seguidas.
Sente sono fecha os olhos. Não adormece. Um vento gelado invade o quarto, mais gelado que o comum, mais frio do que a noite lá fora. Podia sentir em cada poro, como partículas de gelo sobre o corpo todo. Tem a sensação de que o cobertor está molhado. Retira-o completamente e percebe que a temperatura não muda por causa disso.
Pensa em abrir os olhos e fá-lo vagarosamente. Ve uma pessoa ao lado da cama. Ela está deslumbrantemente vestida de um longo vestido branco com estampas florais retas. A pele branca reflete cristais. Ela toca-o com carinho. Ele sente a mão gelada e estremece com as sensações. Ela parece flutuar, e em seguida começa a deitar-se sobre ele. Estático e confuso ele fita-lhe os olhos serenos e meigos. Enquanto ela se deita, o gelo toma conta do seu corpo. Tudo em volta está gelado, os lábios entreabertos espera pelos lábios dela que descem vagarosamente. Ele relaxa e sente sensações nunca antes vividas. Os lábios tocam nos seus que estão latejantes de desejo. De súbito ela deslisa até seu pescoço, sente algo morno escorrendo. Não se lembra de mais nada. 
Amanhece. No banho tem sensações estranhas. Olha-se no espelho. No pescoço dois pequenos furos. 
Teme a luz do sol. Espera a noite para sair.



28 de setembro de 2011

O Julgamento

Após a sentença a última coisa que se ouviria seria o som do martelo e então tudo estaria acabado. O acusado em sua cadeira era o centro das atenções. O jurado eram olhos e bocas, enquanto aqueles estavam fixos no acusado, essas murmuravam entre si. O juiz era invisível, mas podia-se ouvir perfeitamente sua voz grave que fazia abalar as estruturas de qualquer acusado e até dos jurados. A promotora de (in)justiça era a única perfeitamente visível. Vestida a caráter para a ocasião, afinal o acusado não era qualquer um. Com um vestido longo e todo preto profundamente decotado, um, sobretudo aveludado, maquiagem escura e um salto alto finíssimo, andava de um lado para outro, fazendo soar o barulho do salto no piso a cada passo.
Ele, o acusado, observa atentamente, cada passo seu, acompanha com os olhos arregalados cada movimento da mulher. Até se esquece dos olhos e bocas que o conjuram, nem ouve a voz grave e estarrecedora do juiz. A voz daquela criatura ainda esta em sua mente continuamente. As acusações são tão absurdas que ele não consegue parar de ouvi-las. Os quarenta minutos que antecederam aquele momento foram os mais longos da sua vida. Cada palavra, cada gesto, cada olhar, havia deixado nele impressões devastadoras. Não conseguia pensar em nada, visualizar nada. Tão atordoado estava.
Todas as acusações eram falsas, ou quando não, inacreditavelmente absurdas, não podia ser. As provas mostravam que ele não havia cometido nenhum daqueles crimes. Durante anos fizera tudo o que esperavam, cuidara de cada detalhe e era fiel em seus compromissos, mas agora estava lá, sendo julgado pelo que não fizera. Deveria ter feito, não deveria ter sido quem era, era bom demais para estar vivo.
Já havia pensado antes em se matar e deixar um testamento pedindo para ser cremado e que suas cinzas fossem depositadas em uma caixinha que pudesse ser levada pra qualquer lugar. Assim, ela poderia sempre tê-lo por perto, sempre saber onde ele estava e monitorar todos os seus movimentos, se é que ele pudesse se mover nessa forma. Estaria ainda sempre à disposição dela, nunca olharia pra ninguém e seria totalmente dela, e não mais passaria pelos vexames e humilhações pelas quais passara até então.
Mas agora era tarde demais, estava em julgamento e sair dali pra resolver de outra forma era impossível. Os minutos se passavam vagarosamente, cada palavra parecia ser dita em câmara lenta. A voz do juiz soa surdamente em seus ouvidos enquanto ele com os olhos estatelados olha fixamente para a mulher que está à sua frente. Ela espera ansiosamente a decisão judicial, caminhando sempre de um lado para outro, às vezes olha para o acusado com um olhar fulminante, este não consegue desviar os olhos dela. Era o que conseguia fazer pra se manter de . Os olhos e bocas juramenteiros estavam ainda na mesma ação, como se quisessem arrancar da sua alma alguma confissão algo que confirmasse as acusações, o murmúrio continuava, ponderando se as acusações eram ou não verdadeiras, ou pelo menos cabíveis a ele.
Era acusado de muitas coisas, entre elas traição, fornicação, pedofilia, tendência a divórcio, etc. Adultério até onde sabia não era crime, não cabia então ser julgado e condenado por isso, fornicação também não era considerado crime, pedofilia sim, mas era impossível condená-lo por isso, ela sabia disso, mais que ninguém, sabia que ele não havia cometido tal torpeza, e a última era inacreditável. Tendência a divórcio? É claro que ele teria! Quem não tem? As reivindicações eram mais absurdas ainda. Seria absolvido de todas as acusações se abandonasse a idéia de se divorciar. Não acreditava nessa condição, pois sabia que isso não mudaria nada. O suplício continuaria. Para ele era a única forma de se resolver as coisas, além da morte, é claro, assim as brigas, acusações discussões, agressões desrespeito etc. acabariam, pois não estariam mais tão próximos.
O som do martelo do juiz interrompe os pensamentos, os olhos arregalados agora se desprendem da criatura de salto alto e se voltam na direção da voz grave e estarrecedora. Os olhos do jurado, ainda fixos nele, como que esperando qualquer reação comprometedora. As bocas se calam. O juiz começa um pronunciamento de poucas palavras.
Acusado ponha-se de ! Ele relutante se levanta. O que se ouve a seguir é a sentença final do juiz:
O Sr damu alamini está sendo acusado...
Não ouve mais a voz do Juiz, sabia cada palavra que se seguiria. Os pensamentos divagam sobre muitas coisas, passa em sua mente como que um filme dos últimos cinco anos de sua vida. Cada detalhe é nítido, como se fosse um flashback dos melhores piores momentos. As cenas passam aceleradas. O casamento, os filhos, as brincadeiras, a casa, o quintal, a bicicleta, a vida, as lágrimas, os risos, as brigas e bofetões. Tudo está sendo projetado em sua mente em poucos segundos.
O martelo do juiz soa novamente. Ele se assusta. Olha ao redor, não ninguém. Está na sala de estar da casa, totalmente vazia. Levanta-se da cadeira onde estivera. Olha no relógio, estivera sentado por cinco minutos. Pega a bolsa com as roupas, lança o último olhar pela casa, despede-se e sai, prometendo devolver a bolsa no dia seguinte.
...
Está se divorciando.

Péricles

A Travessia

           Enquanto a canoa desliza sobre a água, os pensamentos vagueiam. 
           Entre a terra e o Rio, não existe nada, são unidos, como a unha à carne, se misturam às vezes, ora um está por cima, ora está por baixo, num jogo sensual de acasalamento, numa constante alucinação erótica.
  A canoa leva o homem, este pensa. Pensa que pensa em alguém, mas pensa em si mesmo. Pensa como será do outro lado, ou talvez não chegue , fique no meio, siga o curso apenas, flutue e deixe que a correnteza o leve pra algum lugar. Mas não, ele precisa de um porto.
 O barulho que se ouve é apenas o do remo na água, dos pássaros aquáticos, dos sapos no brejo e ao longe um motor que ronca. Ali , o canoeiro mergulha e não volta. Imerso em seus pensamentos imagina como seria estar no fundo. Ver todos os seres que povoam o Rio, não enxergaria nada em baixo. A água turva por causa da terra, suja pela constante erosão das ribanceiras, é impossível ver algo.
em baixo a vida continua. A água vira barro. O barro é água e terra juntas ao mesmo tempo, uma liga. Nesse momento é uma carne, unidas pela penetração, pela umidade, deslizando, escorregadio, sentido em cada poro, em cada grão, em cada gota, tudo são sensações. A água e a terra são um assim. Impossível separar.
Por cima ela desliza num movimento constante, dentro o homem sussurrando algo, pensando não pensa, lembra apenas, sente seus movimentos, direciona, guia, controla.
Uma brisa sopra, as sensações causam arrepios, um frio na espinha, o Sol se foi, tudo está vermelho e turvo, quase não se nada, apenas sentem-se, vultos á margem, movimentos, sussurros. Um peixe pula, bate o remo, desliza suave para dentro, empurra. Os movimentos contínuos dão seqüência. Agora são um, um corpo, carne, sangue, água, terra, é barro. A voz e o vento também sussurram nos ouvidos, propagam os sons, provocam suspiros. Bolhas sobem na água, a terra respira, suspira.
Rompe-se o silêncio, o barco a motor passa a toda velocidade, as ondas balançam, os movimentos ficam mais bruscos, vão e voltam rápido, sussurros, gritos, pássaros voam, vento no rosto, mais força, movimentos mais rápidos, empurra, tira, mergulha, empurra, onda forte, desliza mais rápido está quase lá.
Fica ainda mais escuro. Tudo o que se tem são sensações, sente-se tudo, até o cheiro. Na escuridão a mão desliza até sentir, está morninha, muito bom. Ela ainda flutua, num balanço ritmado, seguem o curso, descem despreocupadamente, têm todo o tempo da vida. Falando nisso quanta água passou por baixo da ponte, nem se pensa sobre isso, ela continua estática parada, não sente o rio, não flutua sobre ele. A travessia é melhor assim, sentindo, tendo todas as sensações, ficando molhado, totalmente umedecida.
Lá no fundo um tumulto, um vai e vem constante, cada um para um lado, os sentidos estão aflorados, não sei se conseguem ver alguma coisa, mas sabem exatamente o que querem. A sobrevivência, a continuidade da vida, e a manutenção da espécie.
A natureza é assim, é natural que seja, a vida brota, flui, acontece sempre, continuamente. Pássaros cantam, capivaras assoviam, jacarés roncam, sapos gritam, peixes pulam.
       O
 homem em cima, ela desliza. A água e a terra são um, barro, areia, enfim a margem. É outra ou seria a mesma? Nunca se sabe quem é quem. Mas agora sabemos, é um.
A água, a terra, o homem, a canoa, o pássaro, o jacaré, a capivara, os peixes, os pernilongos, os caranguejos, as árvores, o vento, o céu estrelado, a lua e o Sol, a escuridão, o som, o sussurro, o gemido, uma carne, afinal, a travessia os uniu para sempre.

Péricles