9 de agosto de 2013

Em Um Coração de Pai


Em meio as varias sensações de impotência frente às impossibilidades da vida, quando tudo depende unicamente de outros fatores e não do seu esforço. Quando as des-experiências do dia a dia te levam a um estado de nostalgia. Uma hipotermia emocional. E todos os sentidos da vida do ser e do estar se perdem. Embaralhados por um furacão que suga e leva tudo o que te dá sustentabilidade, segurança e conforto.
As incertezas gritam mais alto e a certeza se torna cada vez mais cruel, seca e impenetrável. Quando não há mais lágrimas a derramar e do coração, já atrofiado por tantos desconfortos e desalento, soa roco um grito de angústia e desespero.
Ser pai, uma das experiências mais doces que já vivi, quando uma menina de dez anos me chamou pela primeira vez de “Pai” mesmo não sendo eu seu pai biológico. A emoção mais forte e cheia de convicção que já tive, de que a Vida nos dá presentes que “Não tem Preço” e que nada nesse mundo poderá nos tirar. Cada vez que o olhar inocente e angelical fita em seus olhos, a magia de SER PAI renasce como nunca. Ser CHAMADO de pai é uma benção, SER PAI é uma dádiva ainda maior.
Hoje, ainda ouço ecoar em meus ouvidos o som doce dos gritos... “Paiêeee!”, “Papaaaai!”. Como que acalentando um coração dilacerado pela ausência, saudade e desespero.
Um dia para se comemorar a vida, que segue, e se segue minutos após minutos, constantemente, imponentemente, sem retroceder, nem voltar atrás. Cada minuto cada segundo des-vivido numa constante agonia de desencontro com aquilo que te prende, te faz se sentir vivo e manterá teu sangue a correr nas veias das próximas gerações.
A dor maior que até hoje já senti, se estende por longos anos, intermináveis dias e eternos minutos, que insistem em passar vagarosamente, enquanto o mundo gira estonteantemente.
Parar no tempo é uma arte que só a distância consegue fazer. A ausência é perita em travar os dias, emperrar os ponteiros, rasurar calendários,,, O presente vira passado, é relativo o que virá depois, porque tudo o que se deseja é o momento, um minuto, um segundo de vida plena, sem os embargos das des-vivências, sem as extravagâncias do egoismo mórbido e da intolerância à felicidade.
Não existe maior presente do que ESTAR PRESENTE, sem as impossibilidades a nós impostas, hora pela distancia, hora pela vida, hora pelas LEIS da injustiça...
Dos meus filhos, desejo desesperadamente, como alento a um corpo já cansado emocionalmente, e vigor a um coração que reluta em pulsar num vácuo existencial, aquele abraço apertado que ninguém no mundo tem igual, e a doce melodia ecoando em meus ouvidos ao me chamarem de PAI...



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