Em meio as varias
sensações de impotência frente às impossibilidades da vida,
quando tudo depende unicamente de outros fatores e não do seu
esforço. Quando as des-experiências do dia a dia te levam a um
estado de nostalgia. Uma hipotermia emocional. E todos os sentidos da
vida do ser e do estar se perdem. Embaralhados por um furacão que
suga e leva tudo o que te dá sustentabilidade, segurança e conforto.
As incertezas
gritam mais alto e a certeza se torna cada vez mais cruel, seca e
impenetrável. Quando não há mais lágrimas a derramar e do
coração, já atrofiado por tantos desconfortos e desalento, soa
roco um grito de angústia e desespero.
Ser pai, uma das
experiências mais doces que já vivi, quando uma menina de dez anos
me chamou pela primeira vez de “Pai” mesmo não sendo eu seu pai
biológico. A emoção mais forte e cheia de convicção que já tive, de que a
Vida nos dá presentes que “Não tem Preço” e que nada nesse
mundo poderá nos tirar. Cada vez que o olhar inocente e angelical
fita em seus olhos, a magia de SER PAI renasce como nunca. Ser
CHAMADO de pai é uma benção, SER PAI é uma dádiva ainda maior.
Hoje, ainda ouço
ecoar em meus ouvidos o som doce dos gritos... “Paiêeee!”,
“Papaaaai!”. Como que acalentando um coração dilacerado pela
ausência, saudade e desespero.
Um dia para se
comemorar a vida, que segue, e se segue minutos após minutos,
constantemente, imponentemente, sem retroceder, nem voltar atrás.
Cada minuto cada segundo des-vivido numa constante agonia de
desencontro com aquilo que te prende, te faz se sentir vivo e manterá
teu sangue a correr nas veias das próximas gerações.
A dor maior que
até hoje já senti, se estende por longos anos, intermináveis dias
e eternos minutos, que insistem em passar vagarosamente, enquanto o
mundo gira estonteantemente.
Parar no tempo é
uma arte que só a distância consegue fazer. A ausência é perita
em travar os dias, emperrar os ponteiros, rasurar calendários,,, O
presente vira passado, é relativo o que virá depois, porque tudo o
que se deseja é o momento, um minuto, um segundo de vida plena, sem
os embargos das des-vivências, sem as extravagâncias do egoismo
mórbido e da intolerância à felicidade.
Não existe maior
presente do que ESTAR PRESENTE, sem as impossibilidades a nós
impostas, hora pela distancia, hora pela vida, hora pelas LEIS da
injustiça...
Dos meus filhos,
desejo desesperadamente, como alento a um corpo já cansado
emocionalmente, e vigor a um coração que reluta em pulsar num vácuo
existencial, aquele abraço apertado que ninguém no mundo tem igual,
e a doce melodia ecoando em meus ouvidos ao me chamarem de PAI...
Nenhum comentário:
Postar um comentário